Audiência pública em Santa Quitéria sobre exploração de urânio durou mais de 10 horas em meio a protestos, debates e vandalismo

Esta foi a duração da audiência pública promovida pelo IBAMA, que iniciou pouco depois das 14h e entrou pela madrugada do dia (12) de março, encerrando às 0h39, superando o tempo do outro evento ocorrido em 2022, que foi de sete horas.

O espaço da CFR Academia foi o palco do confronto de ideias e posicionamentos contrários e favoráveis à exploração da mina de Itataia, em Santa Quitéria. Chegando a terceira tentativa de licenciamento, o Projeto Santa Quitéria (INB e Galvani) apostam nas alterações feitas em seu planejamento para conseguir engrenar o empreendimento.

A audiência contou com a presença do Consórcio, autoridades locais, pesquisadores, estudantes, moradores das comunidades próximas, ambientalistas, manifestantes; além do público que acompanhava em uma estrutura montada na escola municipal no distrito de Riacho das Pedras.

Foram dezenas de participações, perguntas e críticas ao projeto. Os grupos contrários, que estavam em maior quantidade, entoaram durante todo o evento palavras de ordem, vaias e “água sim, urânio não”, tendo protagonizado vários momentos de interrupções em falas. Cartazes e faixas também foram erguidos. Por vezes, a presidente da Mesa teve que intervir tentando mediar e pedindo para que as falas transcorressem na íntegra, porém teve bastante dificuldade.

Durante a audiência, foi apresentado pelo Núcleo Tramas (pesquisadores da Universidade Federal do Ceará), um parecer técnico apontando falhas e omissões no EIA-RIMA, que segundo eles, traz problemas com a emissão de contaminantes atmosféricos, inconsistências no diagnóstico da disponibilidade hídrica e omissões na avaliação dos impactos socioeconômicos.

As indagações mais feitas à mesa eram relacionadas a questão hídrica (o uso das águas do açude Edson Queiroz e abastecimento às comunidades) – que motivou anteriormente o licenciamento ter sido rejeitado – e preocupações com o urânio, da maneira que será transportado e seu impacto para os arredores.

O gerente corporativo do PSQ, Christiano Brandão, demonstrou otimismo para que, desta vez, Itataia possa engatar, justificando ser um projeto maduro, seguro e compacto. As expectativas se voltam agora para a nova audiência pública, que ocorrerá no mesmo molde amanhã (13), em Lagoa do Mato, Distrito de Itatira, a partir das 14h00.

O Escritório do Projeto Santa Quitéria sofreu vandalismo com tintas e pichações após a audiência pública realizada na terça-feira (11). Pela manhã, moradores que passaram pela esquina das ruas Antônio Sabóia e Cel. Antônio Ernesto encontraram a fachada do prédio com tinta vermelha jogada sobre a logomarca da empresa, além de pichações com frases como “água sim, saúde sim, urânio não” e referências à INB e à Galvani. O espaço funciona como ponto de apoio para esclarecimento de dúvidas e fornecimento de informações sobre o projeto.

Durante a audiência pública, que teve duração de mais de dez horas, um pó amarelo foi jogado no chão e na mesa onde estavam as autoridades, simulando o yellowcake, o concentrado de urânio.

Por: A Voz de Santa Quitéria – Repórter Thiago Rodrigues

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