Carrapato-estrela; CE registrou 40 casos de febre maculosa em 13 anos; veja sintomas e como ocorre transmissão
Não há registro de mortes no Estado; em 2023, o Estado recebeu 14 notificações e confirmou 4 casos.
Quatro mortes em decorrência da febre maculosa, nos últimos dias, em Campinas, no estado de São Paulo, alertam o Brasil para um surto localizado da doença causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato. O Ceará, conforme dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), registrou 40 ocorrências de 2010 a 2023, mas não houve nenhuma morte.
Neste ano, o Estado recebeu 14 notificações e confirmou 4 casos. Ao todo, já houve 53 ocorrências da doença no país, com 8 mortes, de acordo com boletim do Ministério da Saúde. São Paulo é o estado com mais casos; dos 12, em 6 ocorrências os pacientes vieram a óbito. A maior concentração de casos, conforme a Pasta federal, é nas regiões Sudeste e Sul, e de modo geral ocorrem de forma esporádica.
Segundo Atualpa Soares, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Ceará (CRMV-CE), não há necessidade de preocupação no Ceará. Em entrevista ao Sistema Verdes Mares, ele comentou que os riscos estão associados a regiões específicas do Brasil, sobretudo naquelas onde há a presença de capivaras. “A doença é transmitida, até agora, pelo carrapato estrela, que está associado a algumas espécies silvestres, principalmente a capivara, e em espécies domésticas, a equinos no geral, como cavalos e jumentos. Não é normal que ache em cão, em bovinos. Em regra, a predileção é por outras espécies”, explica.
Para o especialista, os casos registrados no Sudeste podem ser reflexo do desequilíbrio ecológico provocado pela “invasão cada vez maior dos humanos em áreas silvestres”. Com a diminuição do habitat e de predadores naturais, a capivara teria condições de aumentar sua população e chegar a territórios onde até então não era encontrada”.
O Ministério da Saúde destaca ainda que a cidade de Campinas, área em que foram registradas 4 mortes devido à doença nos últimos dias, “é uma área endêmica e o período sazonal para a doença no país se estende de maio a setembro”.
O QUE É A FEBRE MACULOSA?
Conforme documento da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), uma nota técnica de 2019, a febre maculosa brasileira também é conhecida como “tifo ou febre petequial”, e é uma doença infecciosa aguda grave causada pela bactéria Rickettsia rickettsii.
COMO É A TRANSMISSÃO DA FEBRE MACULOSA?
A transmissão, diz a nota técnica, se dá por carrapatos do gênero Amblyomma, conhecido como “carrapato estrela” ou “carrapato de cavalo”, quando este permanece aderido ao hospedeiro por 4 a 6 horas. Não há transmissão de pessoa a pessoa. O período de incubação é de 2 a 14 dias.
O carrapato desenvolve-se entre os meses de março e julho, e fica em pastos, gramados, e em áreas próximas a rios e lagos.
QUAIS OS SINTOMAS DA FEBRE MACULOSA?
Os principais sintomas da doença são, de acordo com o Ministério da Saúde: Febre, Dor de cabeça intensa, Náuseas e vômitos, Diarreia e dor abdominal, Dor muscular constante, Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, Gangrena nos dedos e orelhas, Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando parada respiratória.
COMO É O TRATAMENTO DA FEBRE MACULOSA?
A partir da suspeita, o tratamento com antibiótico específico deve ser iniciado imediatamente, mesmo antes do resultado laboratorial. Em determinados casos, pode ser necessária a internação do paciente. O uso é feito por um período de 7 dias, devendo ser mantido por 3 dias após o término da febre. A falta ou demora no tratamento pode agravar o caso, podendo levar ao óbito, conforme o Ministério.
COMO SE PREVENIR DA FEBRE MACULOSA?
Atualpa Soares explica que áreas serranas podem ser mais propícias à presença dos carrapatos. Por isso, se alguém se deslocar a áreas rurais para trabalho, lazer ou esporte, deve utilizar roupas mais longas, repelentes e botas mais altas. “Se achar que teve picada, fique alerta. Busque o sistema de saúde, diga onde estava, onde foi picado, para que a equipe médica faça a investigação para outras doenças”, sugere.
Por: Diário do Nordeste